Em abril de 2025, a empresa americana Colossal Biosciences anunciou um feito histórico: a “ressurreição” do lobo-terrível (Aenocyon dirus), uma espécie extinta há cerca de 10 mil anos. A notícia ganhou destaque internacional, especialmente após a divulgação de vídeos mostrando filhotes batizados de Rômulo, Remo e Khaleesi, em referência à mitologia romana e à série “Game of Thrones”.
No entanto, a empolgação durou pouco. Cientistas renomados começaram a questionar a autenticidade da desextinção. A principal crítica era que os supostos lobos-terríveis eram, na verdade, lobos-cinzentos (Canis lupus) com modificações genéticas para se assemelharem à espécie extinta.
Beth Shapiro, cientista-chefe da Colossal Biosciences, admitiu em entrevista que os animais apresentados são lobos-cinzentos com cerca de 20 alterações genéticas. “Não é possível trazer de volta algo idêntico a uma espécie que já existiu”, afirmou Shapiro. A empresa utilizou técnicas de edição genética, como o CRISPR, para modificar genes relacionados a características físicas do lobo-terrível, como tamanho e cor da pelagem.
A revelação gerou debates sobre os limites éticos e científicos da biotecnologia. Richard Grenyer, biólogo da Universidade de Oxford, criticou a abordagem da Colossal, apontando inconsistências entre as declarações da empresa e o material publicitário divulgado. “Acho que há uma séria inconsistência entre o conteúdo da declaração e as ações e o material publicitário da empresa”, disse Grenyer.
Especialistas alertam que, embora a engenharia genética tenha avançado significativamente, a verdadeira desextinção de espécies continua sendo um desafio complexo. O caso do lobo-terrível serve como um lembrete de que a ciência deve ser comunicada com responsabilidade, evitando criar falsas expectativas no público.